sexta-feira, 23 de julho de 2010

Uma sucessão de erros e a riqueza ao final

Mês passado, eu e Alexandre fomos para Buenos Aires curtir quatro dias de folga. A intenção dele era conhecer Montevidéu, mas por força de Mafalda maior consegui convencê-lo a voltar à capital argentina. Afinal, foi ano passado que ela ganhou seu banquinho na esquina das calles Chile e Defensa, em San Telmo, e eu ainda não a conhecia. Óbvio não era só: havia ainda muito a conhecer na cidade, já que da última vez, em lua-de-mel, estávamos meio tontos por conta de toda a produção do evento e perdemos muitos pontos bacanas.

A condição, imposta por M’Arrudão, para rumar pela segunda vez para a cidade dos portenhos era fazer ao menos um passeio ao Uruguai. Não encrenquei e topei de peito aberto conhecer Colonia del Sacramento. Erro número um!

Os guias de turismo dizem que trata-se de uma cidade histórica, classificada como patrimônio da humanidade pela Unesco, cheia de belas construções. A graça maior é que a cidade foi fundada por portugueses, que revezaram o poder naqueles terras com os espanhóis por anos seguidos. Ou seja, haveria uma mescla entre as duas culturas nítida nas construções.

Em uma hora de barco, dá pra fazer a travessia pelo Rio da Prata entre BAires e Colonia (é assim que os portenhos chamam a cidade). Tentamos fazer as reservas pela internet. Não chegamos a nenhuma conclusão e decidimos fazer in loco. Erro número dois. Pedimos que as meninas da recepção do hostel fizessem pra gente. E elas pegaram uma daquelas excursões caretas com city tour, almoço incluído e horários esdrúxulos. Beleza, é passeio, não castigo.

Ledo engano. Ao chegar em Colonia, a guia mais bizarra da minha vida aguardava um grupo heterogêneo, para fazer o ‘walking tour’ pelo centro histórico. Aos berros, de cara amarrada e ordens bem autoritárias, a moça nos explicava que Colonia, na verdade, tem poucas construções históricas de séculos passados. Parte da cidade, incluindo o centro histórico, foi reconstruída por profissionais depois de um esforço do governo para dar um incentivo à região, tanto turístico quanto econômico. Caído, pensei.

Ao encontrar um casal brasileiro de Campinas, puxei papo, rimos alto e a nazista travestida de guia mandou calar a boca. Hora de partir. Não dava, no voucher do passeio, com direito a almoço e ‘walking tour’, não tinha o endereço do restaurante. Tínhamos que aguardar o momento de perguntar esse detalhe para a senhora. Quem disse que ela abria espaço para a singela pergunta?

Em cada esquina refeita por historiadores, uma plaquinha indicava a agência da nazista-guia como única opção de city tour com preços convidativos. Um vexame... A cidade, que de fato é bonitinha, toda emporcalhada por plaquetas publicitárias caça-turista. Depois de uma hora e meia de tortura, como uma professora má de filme da Sessão da Tarde, ela nos disse que poderíamos almoçar em dois locais. Escolhemos o mais simpático. Erro número três. Os caras desistiram de aceitar o voucher. Fomos para o outro: uma lanchonete de quinta, onde a melhor opção eram sanduíches de salsinha ou hambúrguer. Pelo menos o vinho era bom.

Resumindo: a primeira vez no Uruguai foi uma decepção. Mas vale a pena. Tive meu momento de maior riqueza dos últimos tempos, já que a moeda de lá vale um décimo de real. Pra aproveitar, comi até cascata de camarão no jantar e comprei o sobretudo mais barato da minha vida. Ai, ai, meu coração bate agora por Montevidéu. E Mafalda que não me ouça, Alexandre tem toda razão.

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