sexta-feira, 21 de maio de 2010

Os nordestinos já foram consultados?

Tem foto hoje na coluna do Ancelmo Góis de um novo projeto para a feira de São Cristóvão. Nada contra os profissionais que doaram o projeto para o novo centro de lazer dos nordestinos – e também dos cariocas e turistas. Na hora, no entanto, me perguntei: “será que os comerciantes e os frequentadores querem a mudança, com tantos problemas que assolam o entorno do Pavilhão, no pobre bairro Imperial?”.

Nunca tinha ido na feira até ela se transformar no Centro de Tradições Luiz Gonzaga, dentro do Pavilhão. Diz M’Arrudão que era mais raiz, a Dani também foi e não reclama do que viu. Mesmo assim, as mudanças – me parece – foram bem-vindas pelos comerciantes e até pelos nordestinos. Os que trabalham ali passaram a ter seus boxes preservados, chance de armazenar os alimentos, sem contar com os banheiros ‘bem ok’. À época, no entanto, muita gente reclamou que o novo formato tinha tirado muito a autenticidade do local.

Nesta atual Feira de São Cristóvão, já cansei de farrear com os amigos até as tantas da madrugada, aproveitando todos aqueles petiscos maravilhosamente engordativos a preços módicos, ao som de muito forró. E já fui também nos restaurantes com preços nem tão em conta assim. Uma das maiores noitadas na Feira foi com paulistas, aqueles seres adoradores de shoppings, mas que ficaram muito satisfeitos.

E foi justamente essa impressão que me causou o novo croqui. A feira vai se tornar definitivamente um  shopping center. Aliás, como todo o Rio de Janeiro vem pouco a pouco se transformando. A ordem é padronizar, tirando de mansinho sem que a gente perceba, a graça da nossa informalidade. E que ninguém me acuse de ser contra limpeza urbana, ordenamento do trânsito, Lei Seca. Só que é inerente a nós, praianos, essa forma menos padronizada – o que não quer dizer suja.

Pra mim, os esforços poderiam se concentrar no entorno do Pavilhão – que, inclusive, já faz parte das áreas para revitalização nos planos de diversas esferas administrativas, junto ao Porto. Local, aliás, que, na minha modesta visão, merece olhares mais que atenciosos – como, pelo que tenho lido, vem sendo feito – acompanhados de investimentos em infraestrutura e urbanização. Mal consigo imaginar nosso Porto todo lindo, já que a realidade por lá é de muita degradação.

Mas, peloamordedadá, que não metam asfalto, grifes ‘estilo Daslu’ e temakerias no Morro da Conceição, porque daí sim vamos virar definitivamente paulistas.

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