segunda-feira, 31 de maio de 2010

Papo de botequim

Inspirada no Comida di Boteco, que começou na sexta e vai nos alegrar – graças a dadá! – até o fim de junho, me lembrei de uma situação inusitada vivida no Pavão Azul, na Paula Freitas, em Copacabana.

Logo ao sair do apartamento da Ladeira dos Tabajaras, me toquei de que tinha esquecido a escada com três andares, muito útil na nova casa. Voltando do trabalho, peguei a sogra e o marido pelo braço e pedi ajuda: ‘vamos buscar’. Saindo dali, a pé (só pra variar), demos a parada estratégica no Pavão para apresentar a patanisca para Sueli. Fato recorrente no Pavão – boteco concorridíssimo no bairro – não tinha mesa. Não nos fizemos de rogados: abrimos a escada e espalhamos copos e os peticos, pelos andares do utensílio doméstico, para a degustação na calçada.

Nossa ideia foi aprovada por ninguém menos que o dublê de chef e ator Rodolfo Bottino que, sortudo, estava sentado na mesa em frente. Fazendo graça, prometeu espalhar a novidade e disseminar nossa prática nos botequins do Rio. Bem que poderia haver um modelo mais compacto – tipo bicicleta dobrável – pra que a gente pudesse desfrutar melhor de alguns pontos com boa cerveja e petiscos engordativos e deliciosos (se não engordassem, não seriam bons, claro!), como o Braseiro da Gávea, o Bracarense em fins de semana e o filhote (sic!) Chico e Alaíde, sempre abarrotados.

Aliás, história boa de boteco é o que não falta. Encostado no balcão de um desses exemplares no Leme, Alexandre viu Rogéria de bobs no cabelo, pedindo ao portuga do caixa pra trocar uma nota de 50 reais. Coçou os olhos, demorou a acreditar, mas não teve dúvidas segundos depois. Era ela!

Serafim também já nos deu o que falar. Sábado desses, acompanhados da Rô e do Aluísio, conhecemos o barbeiro mais famoso da Rua Alice. Aos berros, o sujeito gritava com um bebum ao pedir respeito à memória de Seu Juca, morto ano passado. A forma escolhida pelo fortão era tão desastrada que mais parecia que estávamos assistindo a um assalto. Apavorados, chamamos os garçons que nos acalmavam dizendo ‘ele é uma flor’. ‘Credo, que flor é essa, pensávamos’, acuados, sem coragem de levantar a mesa e também ganhar um sopapo. Ficamos até o último gole.

Semanas depois, Aluísio aparece de cabelos cortados, contando satisfeito:

- Vim ao barbeiro vizinho de vocês.

Mais uma vez apavorados, eu e Alexandre dissemos: ‘Tá doido? Era aquele cara violento!’. Como quem não entendeu nada, nosso padrinho perguntou: ‘aquele qual?’. Não lembrava, óbvio, a cerveja apagou a má lembrança e ele teve que concordar com o staff do Serafa: o barbeiro da Rua Alice é mesmo uma flor.

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