terça-feira, 23 de março de 2010

C'est bizarre! Qué raro! Ou, simplesmente, mundo estranho


Qual o real significado da palavra bizarro? O aurélio aponta, entre outras definições, esquisito. Como sempre tive uma postura, digamos, pró-ativa em matéria de bizarrice, acabo achando que o que chega a ser bizarro pra mim, pode ter uma classificação ainda mais pesada pra você. E vice-versa. Meu contato com o diferente (será que este pode ser um sinônimo?) é sempre bem-vindo. Adoro uma bizarrice! Exceto aquelas mostradas aos domingos em programas de auditório, que expõem em rede nacional deficiências físicas. De resto, topo as empreitadas.


E faço coleção de histórias que, para muitos, têm um sabor indigesto. Adoro pegar o S20 pra chegar à Barra e acho mais emocionante do que montanha-russa de parque americano, fui mordida no bumbum (sabe lá por qual bicho) enquanto desfrutava das delícias dos Lençóis Maranhenses, morei em quarto de pensão em Barcelona, andei 35 quilômetros por conta de tempestade e fui demitida sumariamente do posto de babá, por deixar a porta bater com a chave por dentro enquanto tentava apartar a briga escada abaixo entre duas crianças de 3 e 5 anos.


Fora os extremos, um dos momentos estranhos que já vivi foi conhecer a cidade de Mucugê, interior da Bahia, encravada na deslumbrante Chapada Diamantina. Até aí só boas indicações. Só até aí. A cidade se vangloria de ter e manter um cemitério construído no estilo bizantino como forma de atrair turistas. Na onda da principal atração local, na praça central há um carrinho em forma de caixão pra entregar delivery quem passa da conta nas bebidas alcoólicas (fiz a foto, que abre este post, mas estava beeem sóbria!).

Outra esquisitice foi percorrer os esgotos de Paris. Ok, ok, na França jornalista não paga entrada em museus públicos. Valendo-me do benefício, não paguei e entrei pra sentir um dos piores fedores da minha vida. Apesar do desconforto, a experiência vale a pena, por imaginar há quantos séculos aquilo foi planejado e construído.


Aliás, a França não é só glamour como vendem os folhetos de viagem. Em Ceret, cidadezinha turística no pé das montanhas nevadas dos Pirineus, a primeira parada dos visitantes é a Ponte do Diabo e na placa há uma pixação onde se lê ‘ponte dos suicidas’. Isso lá é atração? A construção é bem bonita, como mostra a foto acima, mas bem podia ter sido batizada – ou rebatizada – de outra forma.


Mantendo aquela tal atitude pró-ativa na busca por bizarrices, às vezes, mesmo desconfiada, sigo adiante nas minhas ideias. Ano passado, a cara dos amigos e da família quando disse que iria para a Ilha de Marajó passar uns dias de folga era de espanto. “Querem ver miséria?” De fato, a pobreza é visível por todos os cantos. A ilha, no entanto, tem muitos encantos, como ver búfalos como se fossem cavalos andando pelas ruelas (foto abaixo), belas praias de rio e hospitalidade de primeira, que nos leva a escutar aquelas histórias que só em cantões do Brasil a gente ouve e se delicia, entendendo melhor como vive o povo brasileiro.



Aliás, nestas incursões pelo país, já passei pela bizarrice de ser observadas por uma família de porquinhos enquanto fazia xixi numa parada de ônibus entre o Maranhão e o Piauí. Há algo mais estranho do que cruzar o interior destes dois estados em ônibus de linha, a famosa "Marinete"? Claro que tem – pra mim. De repente, não pra você.

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