quinta-feira, 25 de março de 2010

No século XXI, com a cabeça das nossas avós


A primeira matéria que me pediram pra fazer na finada revista Ponto TV, que sobreviveu poucos meses no JB, foi o lado B do Alemão, vencedor do Big Brother Brasil, em abril de 2007. Ovacionado pelo público, ele levou o prêmio de R$ 1 milhão com 91% dos votos contra sua concorrente. Os editores queriam, no entanto, que eu provasse por A + B que a emissora tinha manipulado o público para a construção de um herói.


Pesava nesta certeza dos editores, fatores como: o triângulo amoroso protagonizado pelo cara, suas atitudes meio grosseiras, a afirmação de que não mantinha compromisso sério com mulheres por mais de três anos e ter sido escolhido pra participar do programa por um olheiro dentro de uma boate de bacanas em São Paulo. Resumindo: tinha tudo pra cair na desgraça das moças que, acredito, são as que mais votam.

O resultado – quem acompanhou, sabe – é que, de fato, ele virou herói e há tempos multiplicou seu milhão. Hoje é estrela de programa de um dos canais a cabo da emissora.

Recentemente, Dado Dolabella ganhou a primeira edição da Fazenda, em outra emissora. Não acompanhei o programa, mas sempre soube que a situação deste ator, estampada em várias revistas do ramo, mostra que suas atitudes nunca foram lá muito corretas. Entre as mais chocantes, o sujeito bateu em mulher. Putz, como é que alguém poderia acreditar que a mulherada iria dar uma grana pra ele e não pra outra candidata?

Tá, são só dois exemplos e, certamente, há mais casos no estilo. Lembrei disso tudo hoje, quando li numa coluna de TV do Globo, que o Dourado está na terceira posição do ranking do site celeb.com.br, da revista Reader’s Digest, atrás apenas do Lula e da Dilma. Como assim? Acho que a piada masculina tem mesmo razão: não dá mesmo para entender mulher.

Nós, hoje em dia, muito mais independentes, não buscamos os fofos, gentis, trabalhadores, simpáticos, que não berrem com a gente? Hmmm, acho que estou sozinha. As mulheres continuam querendo os fortões, machistas e mandões, pra colocá-las nos eixos! Caramba, isso me soa tão démodé. E a emissora tentando dar de moderninha, escalando elenco com homossexuais assumidos pra mostrar a nova realidade mundial.

Como o grande veículo de massa, reflexo de quase tudo o que pensa nossa sociedade, a TV mais uma vez mostra que o mundo continua uma caretice só. Mesmo que, diante das amigas, as mulheres não confessem suas preferências, no anonimato do voto, elas vivem como nossas avós. Sei não, acho que a gente ainda tem que comer muito feijão com arroz pra suportar, entender e conviver com o mundo tal qual ele se apresenta hoje.



Um comentário:

  1. É maioria, mas não é todo mundo que pensa desta forma...eu mesma detestei Alemao, Dourado e outros tantos, sempre torci pra quem perdeu...,o bonzinho bom carater mas, tenho que confessar, nunca perdi um BBB.

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